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domingo, 9 de fevereiro de 2020

LUIZA ALZIRA TEIXEIRA SORIANO

LUIZA ALZIRA TEIXEIRA SORIANO
A FOTOGRAFIA HISTÓRICA DA POSSE DA PRIMEIRA PREFEITA ELEITA DA AMÉRICA LATINA, ALZIRA SORIANO, VALE MAIS DO QUE MIL PALAVRAS SOBRE AS DIFICULDADES ENFRENTADAS POR ELA PARA PERTENCER AO MUNDO DA POLÍTICA
ANA LUIZA CARDOSO – REPÓRTER
Na foto feita em 1930, a solitária mulher ao centro (com figurino típico da novela O Cravo e a Rosa), está rodeada exclusivamente por homens. Alzira teve de enfrentar fofocas e maledicências para conseguir um posto no staff da política do sertão central.
Mas há 71 anos, cravou o nome na história mundial, abrindo caminho para as 285 mulheres eleitas no Estado nas últimas eleições, sejam para o cargo de vereadoras ou prefeitas.
A residência onde Alzira Soriano nasceu, na pequena Jardim de Angicos, a 124 quilômetros de Natal, guarda fotos valiosas do começo do século XX, além de objetos pessoais, todos carinhosamente guardados pela filha caçula da primeira prefeita da América Latina, Ivonilde Soriano de Souza, 80 anos.
Empenhada em não deixar morrer a memória da mãe, Ivonilde solicitou a Fundação José Augusto o tombamento da residência onde Alzira viveu até o casamento. O processo de tombamento está em andamento no Conselho Estadual de Cultura.
Desde 1990, Ivonilde retornou a Jardim de Angicos para resgatar a história da mãe. Solicitou a construção de uma praça, ao lado da residência a ser preservada. Um busto da representante mais ilustre da cidade de 2.660 habitantes ornamenta o passeio público.
Morando na residência desde então, Ivonilde não deixa descaracterizar a casa. Seu maior sonho é transformá-la em memorial com o apoio do poder público municipal.
Há 110 anos, o pai de Alzira Soriano, Miguel Teixeira de Vasconcelos, construiu a casa onde criaria as sete filhas e um filho. A mulher que se tornaria a primeira prefeita eleita da América Latina era a mais velha e sempre o ajudou nas campanhas. Miguel era líder político da região e dono de vastas terras. A residência tem três salas, cinco quartos, uma cozinha, dois banheiros e área.
De acordo com a análise feita pelo arquiteto Paulo Heider, da Fundação José Augusto, e que foi anexada ao processo de tombamento, a residência mantém várias características marcantes do século XIX. “Tanto na técnica construtiva, como nos materiais empregados.”
O telhado é feito com caibros roliços, lavrados feitos de facheiro (espécie de cactus) e linhas de canaúba e aroeira. Tudo providenciado com vegetação abundante na caatinga.
Uma parte da casa está reservada para os objetos de Alzira. Fotos dos casamentos de família, os móveis do quarto dela, os livros da estante pessoal. Na área livre da casa está sendo preparada uma lanchonete, banheiro e mesinhas, com intuito de atender os visitantes.
Uma vida de sacrifícios pessoais e muita luta
IVONILDE, FILHA DE ALZIRA, AO LADO DO BUSTO DA MÃE.
Luzia Alzira Teixeira Soriano, perdeu o marido aos 22 anos, ainda grávida da filha mais nova, Ivonilde Soriano. Ela chegou a morar em Ceará Mirim, onde o marido era promotor. “Meu pai morreu em 20 de janeiro de 1919 e eu nasci em 25 de março”, conta Ivonilde. Thomaz Soriano morreu de gripe espanhola.
Ivonilde, filha de Alzira, ao lado do busto da mãe.
Alzira ainda tentou morar em Recife com a família do marido, mas o patriarca que a levou à cidade pernambucana morreu e ela retornou ao RN. Em 1932 foi para Natal com intuito de oferecer melhor estudo para as filhas.
O terreno da casa na avenida Floriano Peixoto já havia sido adquirido pelo marido e Alzira teve de se desfazer de alguns bens para erguer a residência. “Ela trabalhava costurando”, conta Ivonilde. Quando as filhas Sônia (já falecida), Ismênia e Ivonilde casaram no final da década de 30, então Alzira retornou para a fazenda Primavera, em Jardim de Angicos.
Nessa época, a casa que deve ser tombada ficava fechada sendo aberta em eventos importantes como festas na Igreja e no Natal. Com a morte do pai, Alzira assumiu o comando da herança paterna também na política. Somente com a redemocratização em 1945 voltou a vida pública como vereadora. Foi eleita por mais duas vezes consecutivas e liderando a União Democrática Nacional (UDN). Ela chegou a presidência da Câmara de Vereadores mais de uma vez. Ivonilde ouvia sempre as idéias feministas “Minha mãe dizia que mulher tem de se desenvolver. Não deve ficar só na cozinha e cuidando dos filhos. Aos 67 anos, Alzira morre em 28 de maio de 1963 por conplicações de um câncer no ovário.
OUVIR IMPROPÉRIOS ERA ROTINA NA VIDA DE ALZIRA
Apoiada pelo então governador Juvenal Lamartine, Alzira Soriano foi obrigada a ouvir verdadeiros impropérios contra sua participação na política. A filha dela, Ivonilde Soriano, menciona que chegavam a cogitar que Alzira estava de namoro com o governador para justificar a candidatura. “Ela sofreu muito moralmente”, lembra Ivonilde. No Livro ‘Dicionário das Mulheres do Brasil’ é narrado que a primeira prefeita eleita na América Latina teve de ouvir ser prostituta quem entrava na política, pois mulher de família não poderia ser votada.
O gosto de Alzira pela política pode ter nascido da orientação paterna. O pai Miguel Teixeira “mandava no município todo” conforme explica Ivonilde Soriano. O marido de Alzira, Thomaz Soriano de Souza Filho, era um dos nomes da lista de candidatos a governador no começo do século, recorda Ivonilde.
A liderança de Alzira (que estava sempre à frente da campanha política do pai) chamou a atenção da advogada feminista Bertha Lutz. Essa em companhia de Juvenal Lamartine visitou Lajes. Bertha foi a responsável por influenciar a indicação de Alzira para candidata a prefeita de Lajes pelo partido republicano.
Apoiada pelo governador Junenal Lamartine Alzira derrotou Sérvulo Galvão, um político conhecido na região.. Alzira obteve mais de 60% dos votos. Na opinião de Ivonilde Soriano, a mãe ganhou a eleição pela simpatia, pela caridade que praticava e o poder político de Miguel Teixeira. “Minha mãe tinha personalidade forte. Quem dissesse a ela podia ter certeza que ela responderia de volta.”
Muitos se perguntam porque Alzira foi prefeita de Lajes e não de Jardim de Angicos, onde ela nasceu. A explicação, segundo Ivonilde, é que com a passagem da estrada de ferro por Lajes, a cidade se desenvolveu, enquanto Jardim de Angicos parou no tempo.
A administração da primeira prefeita do Brasil foi tida como competente e íntegra resultando em construções de novas estradas. Uma delas é a ligação entre Cachoeira do Sapo e Jardim de Angicos. Curiosamente a estrada permanece do mesmo jeito da administração Soriano. Ela tambérm construiu mercados públicos distritais, fez escolas e cuidou da iluminação pública a motor. Mas foi pouco tempo de administração. Ivonilde calcula que o poder municipal ficou nas mãos de Alzira cerca de sete meses. Com a revolução de 1930, ao recusar a oferta de Mário Câmara de tornar-se “Interventora Municipal” perdeu o mandato. “Naquele tempo ninguém trocava de partido como hoje. Morria no que estava”, ressalta Ivonilde.
Fonte: Tribuna do Norte. Arquivado desde o original em 15 de março de 2014. Consultado em 18 de Fevereiro de 2016.
Fonte dite da prefeitura de jardim de angicos

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