Luiza Alzira Teixeira Soriano (Jardim de Angicos, 29 de
abril de 1897 — Jardim de Angicos, 28 de
maio de 1963) foi uma política brasileira, filha de Miguel Teixeira de Vasconcelos e de Margarida
de Vasconcelos
Alzira disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para
prefeitura de Lajes, cidade do interior do Rio Grande do Norte,
pelo Partido Republicano, vencendo o referido pleito com 60% dos votos.
Foi a primeira mulher da América Latina a assumir o governo de uma
cidade, segundo notícia publicada na época pelo jornal norte-americano The
New York Times.[
Alzira exerceu o cargo por apenas um ano, pelo então Partido
Republicano. Em 1930, descontente com a eleição de Getúlio Vargas, ela deixou a
função. Apenas dois anos depois disso, em 1932, mulheres conquistariam o
direito de votar. Em 1947, voltou a exercer um mandato de vereadora do
município de Lajes, cargo para o qual foi eleita três vezes.
PRIMEIROS ANOS E FORMAÇÃO
Nascida Luzia Alzira Teixeira de Vasconcelos, em Jardim de
Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1897. Cresceu na mesma cidade.
Casou-se aos 17 anos, em 29 de abril de 1914, com Thomaz Soriano
de Souza Filho e herdeiro da Fazenda Primavera. Na época, seu marido era
promotor em Pernambuco.
Aos 22 anos de idade já era viúva do herdeiro da Fazenda
Primavera, na qual residia com suas três filhas. Com pouca idade e com direitos
reduzidos por ser uma mulher, Alzira ficou reconhecida por comandar com pulso
firme a casa e as atividades da propriedade.
Bertha Lutz, líder feminista brasileira, viu em Alzira
o potencial necessário para o movimento e a recrutou. Alzira não voltou a
se casar e em 1928 foi a primeira mulher a ocupar um cargo de prefeitura no
Brasil, assumindo o cargo antes mesmo das mulheres terem o direito de votar no
país.
ACONTECIMENTOS MARCANTES
Em 1928, Alzira Soriano foi eleita primeira prefeita do Brasil
na cidade de Lajes, no Rio Grande do Norte.Ela tinha então 32 anos e disputou a
prefeitura com Sérvulo Pires Neto Galvão. O feito é relevante não só pela
prefeitura em si, mas também por ser o primeiro cargo do Poder
Executivo ser ocupado por uma mulher na América Latina. Alzira
conquistou 60% dos votos em uma época em que mulheres ainda não eram
autorizadas a votar.
Como prefeita, foi responsável pela construção de estradas,
mercados públicos municipais e melhorias na iluminação pública da cidade de
Lages.
O Rio Grande do Norte, no entanto, foi pioneiro no país em
relação a compatibilidade do direito das mulheres com relação ao voto.
Mesmo que de maneira restrita, a partir de 1927, o estado permitiu que a primeira
mulher brasileira votasse: Celina Guimarães Viana, que fez uma petição
pelo direito após tomar conhecimento do artigo 17 da Lei Eleitoral do Rio
Grande do Norte, de 1926, no qual se dizia: “No Rio Grande do Norte, poderão
votar e ser votados, sem distinção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as
condições exigidas por lei”.. Além disso, foi no Rio Grande do Norte eleita a
primeira deputada estadual do país: Maria do Céu Fernandes de Araújo,
em 1935.
O voto de Celina Guimarães Viana inspirou outras mulheres a
buscarem o direito ao voto e a conquistá-lo no Rio Grande do Norte, mediante
requerimento legal. Em 1932, o direito ao voto feminino foi dado a todos os
estados da Federação. No dia 24 de fevereiro deste ano, durante o
governo Vargas, foi concedido o direito a votar e a ser votada a todas as
mulheres casadas do país, mediante autorização do marido. Mulheres viúvas e
solteiras só poderiam votar caso tivessem renda própria.
Somente em 1934 foram retiradas as limitações sobre o voto
feminino e a partir de 1946 passou a ser obrigatório também às mulheres.
Alzira Soriano permaneceu apenas um ano em sua tão significativa
prefeitura. Assumiu em 1929 a posse pelo Partido Republicano e, em 1930, por
discordar do governo vigente do então presidente Getúlio Vargas, afastou-se da
vida política. Sua curta duração, porém, foi uma conquista para o
empoderamento feminino. Em seu discurso de posse, em 1929, Alzira afirma que
tornara-se realidade “o sonho da igualdade política”. O discurso foi publicado
no Jornal A República no ano da posse.
A participação de Alzira na política tornou-se de conhecimento
internacional e foi noticiado no jornal norte-americano The New York
Times. Seu pioneirismo foi inspiração para outras mulheres que, depois dela,
ocuparam cargos políticos no Brasil. Alguns exemplos disso: Maria Luiza
Fontelene, tomou a primeira posse de uma prefeitura por uma mulher,
em Fortaleza, em 1986; primeira governadora mulher, Iolanda Fleming
no Acre, também em 1986; e Luiza Erundina, em 1989, prefeita
de São Paulo.
No mesmo período histórico em que Alzira Soriano conquistou a
prefeitura de Lages (RN), outras mulheres ganhavam destaque no cenário nacional
a respeito do aumento dos direitos das mulheres na política. Entre
elas, Berta Lutz, Leolinda de Figueiredo Daltro e Carlota
Pereira de Queiroz. Todas as três se candidataram a Constituinte de 1934,
mas somente a última conseguiu se eleger por São Paulo e em seu discurso de
posse como deputada, Carlota ressaltou a importância da participação da mulher
no processo de reconstitucionalização do Brasil.
Alzira Soriano permaneceu afastada da vida política até 1947,
ano em que tornou-se vereadora de Jardim de Angicos, no Rio Grande do Norte,
mesma cidade onde nasceu e cresceu. Para cargo de vereadora, exerceu três mandatos
consecutivos pela União Democrática Nacionalista (UDN) e aposentou-se de vez da
vida política.[
REALIZAÇÕES E SUFRÁGIO
FEMININO NO BRASIL
Em seu período de prefeitura, Alzira foi responsável pela
construção e manutenção de estradas na cidade de Lages, na qual foi eleita,
além da construção de mercados municipais para a cidade e melhorias na
iluminação pública.
Como mulher, foi um exemplo de independência e de superação dos
obstáculos políticos e machistas na participação política no país. Conquistou a
prefeitura em 1928, com 60% dos votos, em uma época em que mulheres nem sequer
podiam votar legalmente.
HOMENAGENS
Alzira é referenciada como pioneira quando se trata da
participação política da mulher no Brasil e como exemplo diante do avanço dos
ideais feministas e dos direitos das mulheres na política e sociedade.
Referida como a primeira mulher prefeita no Brasil e na América
Latina, Alzira recebeu homenagens em sua memória Câmara dos Deputados em 2018,
em um momento de recordação a importância do papel político da mulher em
virtude do assassinato da vereadora Marielle Franco, morta em março de
2018.
Esta homenagem trata-se de um evento anual feito
pela Câmara dos Deputados intitulado Diploma
Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós, em memória da primeira deputada
federal do Brasil. A homenagem, segundo site da Câmara dos Deputados, “é
concedida a mulheres que tenham contribuído para o pleno exercício da cidadania
e para a defesa dos direitos da mulher e das questões de gênero no Brasil”
O município de Lages, em que Alzira se elegeu para prefeitura,
também dispõe de uma homenagem na Semana Alzira Soriano para mulheres de
relevância para a sociedade e para a cultura da cidade. Em 2018, quem recebeu o
Título de Mulher Cidadã Alzira Soriano, foi Pollyana de Araújo Ferreira
Brandão, diretora-geral do IFRN Campus Avançado Laje, entregue pela
Câmara Municipal do Município de Lages.
fonte
- wikipédia
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